Archive for Fevereiro, 2023

Fevereiro 17, 2023

CED PARA CÃES – MENSAGEM RECEBIDA DO DR. HELDER TULHA, VETERINÁRIO MUNICIPAL DE SANTO TIRSO

Fevereiro 8, 2023

Boa tarde, sou totalmente a favor da campanha CED para cães. Desde que sou veterinário municipal que esterilizo no CRO mais de 1200 animais por ano, embora faça este grande esforço “físico” (as minhas costas estão a ceder) continuamos a ter cadelas a parir no “meio do monte” !!! Neste mês de janeiro embora tivéssemos o CRO completamente lotado, tivemos a sorte de não ter gatos para adoção e colocamos no gatil 4 cadelas capturadas e respetivas ninhadas. Há mais, mas por notória falta de espaço a sua captura está condicionada e o problema cresce. O vídeo que enviei foi da última cadela capturada no dia 3 de fevereiro

( para visualizar o vídeo é favor utilizar a pag de facebook da CEAA https://www.facebook.com/campanhaesterilizacao/posts/pfbid0m35t9vovbpZCuvR4k3AbZWCas2LHEXDZzARg5pzx1RyXNRvorPQLwXDRaStNtLUrl )

Artigo do Dr. Fernando Rodrigues, veterinário municipal de Valongo, abordando as medidas que no entender do autor devem ser implementadas para fazer face ao descalabro actual no que concerne o abandono e os animais nas ruas.

Fevereiro 8, 2023

[Artigo de opinião] ‘pensando fora da caixa’

Está mais que visto o descontrolo animal existente no nosso país. Centros de recolha completamente cheios; associações de proteção animal a transbordar; animais na rua que não são recolhidos; milhares de pessoas a querer entregar os seus animais. Se dúvidas existissem, na segunda conferência de bem-estar animal organizada pelo ICNF no Porto foi bem perceptível que o drama é transversal a todos os municípios e associações.

O primeiro e único estudo realizado em Portugal sobre o controlo populacional, realizado por mim em 2008, mostrou que apenas existiam 5% de animais esterilizados na população canina, quando para haver controlo populacional deveriam ser mais de 80%.

Então em que se está a falhar? E que medidas, se existirem, se possam vir a tomar?

Bom estamos a falhar porque a população não sente necessidade em esterilizar os seus animais por muito que as Autarquias a promovam e a ofereçam. Ponto.

Eu explico, quem tem uma cadela em casa certamente a quererá esterilizar mas a maior parte da população, principalmente na periferia e zonas rurais, não sente essa necessidade. Estão bem provadas as taxas elevadas de resistência à esterilização de animais.

Logo, assim, nunca iremos chegar perto dos 80%.

O que fazer? Bom, em minha opinião só existe uma medida, e depois, medidas acessórias.

A medida é a Esterilização obrigatória por Lei de todos os canídeos e gatídeos, excepto de criadores, suportada pelo Estado.

E como medidas acessórias?

– Pagamento direto às clínicas veterinárias pelo ICNF do valor total das esterilizações estipulando um valor nacional justo;

– Coimas a quem detiver animais não esterilizados à semelhança das coimas por falta de vacinação antirrábica ou falta de identificação eletrónica;

– Obrigação pelo médico veterinário assistente de só poder atender animais que estejam identificados eletronicamente e com registo no SIAC da esterilização (ou não) do animal, gerando uma imediata notificação caso não esteja.

– Maiores benefícios a quem adote animais em centros de recolha oficiais como a oferta da sua vacinação ao longo da vida;

– Permitir o ced canino em matilhas confinadas, procedendo adicionalmente à sua identificação eletrónica e vacinação.

Espero que em 2023 possamos dar estes grandes passos e começar a colher resultados. De outra forma e apenas com esperança, acreditem, não vamos lá.

Fernando Rodrigues

Médico veterinário Municipal de Valongo

Mestre em Saúde Pública

Tese de mestrado: https://repositorio-aberto.up.pt/…/2/TeseMestrado.pdf